sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Ler, tenho isso como hábito!

Conforme leio, cada frase e cada parágrafo muda meu ser e minhas ideias.
Quando leio um romance, estou como um cão que está sempre disposto para brincar com seu dono; a frase: "Gentileza gera Gentileza" não faz nenhum sentido, preciso algo mais forte do que a educação para sanar o meu amor.
Quando leio um romance policial, sou o mais esperto dos seres humanos. Sou o matuto, o questionador, o desconfiado e o desafiador. Penso que Sherlock Holmes não passa de um simples tocador de flauta.
Leio meus livros, mas pela hiperatividade não consigo concentrar-me piamente. Estou então lendo e, pensando em outro livro, é como um vício. Eu com meus livros e Maradona perto da Colômbia, inseparáveis.
Terminei de ler "Um Escritor no Fim do Mundo" por Juremir Machado. O relato de uma viajem com o escritor Francês Michel Houellebecq. Foram à Patagônia, linda Terra do Fogo - digo linda pois, apenas em fotos admiro o lado de lá. O que fiquei murmurando entre os meus dias, era não a viajem deles, mas sim, a mensagem que particularmente consegui extrair deste magnífico livro: "O que entendes sobre a vida? Tu te conhece?"
Toca o telefone, atendo.
-Alô?
-André é Flávia, tudo bem?
- Sim tudo ótimo! Mas que barulheira é essa?
- Estou em Buenos Aires, breve à ligação termina, pois, estou falando em um locutório dos Hermanos!
Flávia é uma grande amiga de escola, no tempo em que trabalhar e ir para faculdade era apenas brincadeira.
Após uma longa conversa sobre o interesse de Flávia - gostaria de uma ajuda eu seu TCC - chegou um momento das recordações ali por telefone. Enquanto Flávia falava sem parar, eu fui longe, realmente viajei!

Olhava e reparava no caminhar das pessoas, imaginava seus pensamentos, os senhores e senhoras, como seria sua rotina? Teria como identificar a vida em apenas contemplar o rosto dos mais velhos? Teria como conhecer Ele em apenas um, bom dia?

Sandro toma seu café da manhã.
Entre o pão integral e sua geleia de frutas, sua esposa fala sem parar, sempre ocupada, tendências de moda e muitos reais gastos em sapatos essa é sua rotina.
Entre Arezzo, Cristian Louboutin, Manolo Blahnik, Sandro dá o seu último gole no café, pergunta para esposa, que espantosamente, engole até suas fivelas da Arezzo:
- Tu gosta de mim?
- Que pergunta é essa Sandro?
- Uma pergunta simples, para uma resposta simples!
- Mas se tu já sabe a resposta, não tem o por que perguntar, não é?
- Sim! Quer dizer, pela lógica sim!
- Mas então, tu gosta de mim?
- Sim, sim Sandro, termina de tomar o teu café.

Sandro ficou sem resposta de sua esposa, fez o questionamento: "O que entendo sobre a vida? Respondeu para o seu inconsciente, lembrou-se da música do Kid Abelha e cantarolou ao sair para correr seus quilômetros matinais:
- Nada! Nada sei, desta vida. Nunca soube, nada saberei. Sigo sem saber...
Por isso, não importo-me com desilusões, nem com conflitos conjugais. Meu estado de espírito depende de minha leitura, casual ou não, seguirei lendo.
Após meu delírio, retomei o telefone e segui a conversa por muitos minutos com Flávia. Antes de despedirmo-nos como bons e velhos colegas, aquelas frases fofas e bonitas, indaguei:
- Flávia, e o teu marido o maratonista? Como ele está?
- Ah sim o Sandro? Aquele rinoceronte não me merecia, queria apenas saber de correr, sequer me fez uma declaração de amor.
- Ah sim, entendo!
E o locutório terminou.
E eu segui lendo Nietzsche para estressado.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Tecnologia X Cabelos brancos

Dias atrás, ao ler um anúncio deparei-me com uma frase, que ficou rondando minha cabeça dias e dias;
“Velhice da vida, não importo-me. Quero mesmo é viver intensamente, com meus cabelos brancos e sem butox"

Esse popular fenômeno da humanidade, de acordo com a ONU, em 2050, um em cada quatro brasileiros será idoso. Hoje, os idosos ou velhos, são uma parcela da população que mais cresce no Brasil.
Enquanto antigamente, atingir a terceira idade era uma proeza de poucos, até meio século atrás, às expectativas de vida beiravam seus 50 anos. E hoje, é cada vez maior o número de pessoas com 80, 90, 100 anos. Já acontece de em alguns casos, já cogitaram a “Quarta Idade”.

Lembro-me de um tempo antigo;
Cresço com lembranças que nunca tive;
Ando pelas ruas, trocando a poeira pelo pinche e um pouco de areia.

O passado que hoje não recordo-me, deixo no ar entre ventos e contos dos mais velhos, representados entre um jogo de cartas no final de semana, entre uma brincadeira de guri, ou algo que traga apenas meu pai mais perto de sua infância, ou tão longe quanto à marca de seu conhecimento.
Desenho em pedaços de papeis, uma mapa com ruelas e becos tão pouco vistos.
Rabisco entre um papel ofício e um papiro comido pelas traças. Entre a troca de informação e consciência da vida.

A velhice a olho nu, inibe o mundo em que vivemos, hoje, a preocupação dá-se com a tecnologia;
Mas não com essa tecnologia, entre máquinas e outras facilidades digitais. A preocupação do butox.
Olhar um idoso com o seu rosto repleto de rugas, deixam-me intrigado, pensando como foi sua infância, como foi seu amores, seus estudos, difícil juventude com um luxo de uma classe média mais do que alta? Não prefiro lembranças desse passado.

Ao testar a felicidade, chego a conclusão que não importa a idade, os cabelos branco, ter ou não ter cultura, o que importa é estado de espírito. Estar feliz com sua idade requer paciência e, consequências da vida.
É bom poder parar, relembrar de sua infância, reencontrar a felicidade juvenil, renascer para coisas simples e agradecer por hoje estar aqui, lendo e também contando cada detalhe destes cabelos brancos e com sorriso acabara por costurar apenas mais uma ruga.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Entre ser Único de Todos

Todos os dias, horas, minutos, segundos e questões de milésimos, o ser humano ainda não compreende – na pior das hipóteses não querer compreender – o espírito de um grupo ou apenas a coletividade do dia a dia. Não enxergar vantagens e benefícios em um trabalho de grupo, não ter o tato de: “fazer o bem sem olhar a quem”.

A seleção natural criada por Charles Darwin, afirma que evoluções derivadas da genética, fluxo gênico e pressão de mutação, pode sim, reduzir as características desfavoráveis que são hereditárias, tornando-as menos comuns. Assim, características pessoais modificam esses processos desenvolvendo características adaptativas mais e mais complexas.

Individualismo: Um processo político, moral e social que passa ser a frente de um grupo da sociedade e também ao Estado. O individualismo para o “Homem Renascentista”, passou a desenvolver-se como uma competição entre seus pares, por talento, capacidade e ações individuais.

Segundo Jean Paul Charles Sartre – Metafísico e Fenomenologista – o “exercício” da liberdade individual, fez com que as pessoas diferenciem-se uma das outras, através de uma simples escolha.

Coletivismo: Denominam como um sistema social com boas produções e consumos igualitários entre membros de uma mesma coletividade.

Um pouco confuso; procurar “boas explicações” para a coletividade torna-se cada vez mais crítico. Frederick August Von Hayek – Economista – publicou em seu livro “O Caminho da Servidão” de 1994 – traduzido em vinte línguas – que o coletivismo é considerado uma submissão do ser humano, pois, não ter autoridade para tomar decisões torna o ser humano menos capacitado.

A maneira em portar-se junto ao grupo, ou como “uma única” pessoa, passa por cima de todas as teses já apresentadas e já questionadas, tanto por Darwin , quanto aos “críticos da vida”.

O ato de solidariedade é simples, rápido e prático. Fazendo com que isso, traga-nos o retorno que não buscamos. Traz a simplicidade que estamos à procura todos os dias, quando acordamos, tiramos a preguiça de cima, banhamo-nos, tomamos café, folhamos o jornal e por aí adiante!

Ao chegar no final do dia, procuramos acertar, não esquecendo que estamos, ou melhor, precisamos sempre de uma companhia. Alguém que possa estar ali para te ajudar na situação difícil. Muitos apegam-se em crenças e religiões, outros nem tanto, preferem o seu isolamento deixando de lado o coletivismo e contato com a individualidade à flor da pele.

Acima de leis ou teorias, continuamos buscando assim o problema de todos nós seres humanos; companhia, zelo, respeito e reconhecimento

quinta-feira, 17 de maio de 2012

De 80 para cá!

Cada dia que passa, mais tenho certeza que nasci na época errada. Sei que meu pai e minha mãe não tem culpa nisso – poderiam ter agilizado o processo – pois, sou um viciado, um dependente, um nostálgico assumido dos anos 80! Fico intrigado com questões da evolução, não só da vida, mas das tecnologias e quesitos musicais da atualidade; colocando em uma balança, tecnologia, evolução, pensamentos e música; Hoje, quando pego o celular para fazer um “chek-in” em um restaurante, sinto que às pessoas ao redor ficam “impacientes”, elas estão ali pela minha companhia e não pelo “Like” na página depois. Penso nestas tecnologias e suas evoluções: Bill Gates e Steve Jobs, primeiro e únicos nomes que me veem na cabeça. Em âmbito musical, remeto-me junto com minha cabeça anciã direto para época dos anos 80. A certeza que é a década efetivamente melhor – musicalmente falando – e também por ser a evolução do bom “Rock Brasileiro da década ”, considerado como pop rock nacional. Um movimento revolucionário que agregou também características variadas como: New Wave, Punk e claro o próprio conteúdo pop emergente do final da década de 70. Não esquecendo ou desmerecendo os outros ritmos tais como o reggae e a soul music. Músicas que embalaram e embalam os “corações” na maioria das vezes com seus amores perdidos ou bem sucedidos, também temáticas sociais no âmbito nacional. Esta música da época me identifica, pois, a capacidade de falar e expressar-se em apenas uma partitura e rabiscos, sendo letras bobas e infantis, sendo letras sérias e com a facilidade de compreensão, com uma música fora do normal em abordar temas de um “peso emocional” ou “apelo político” exagerado. Cabelos armados ou mesmo curtos para as gurias, gel, roupas coloridas e extravagantes para os guris e a unissexualidade de tudo isso, uma herança tomada por Glam Rock de Marc Bolan, David Bowie e seu “discípulos” como Kiss e The Cure.
Ando pelas ruas de Viamão, e me vem à cabeça, a Banda Blitz, começo a cantarolar “Você Não Soube me amar” de 1892 – mas não esta versão de Blitz da atualidade – versão arcaica, com Evandro Mesquita e Fernanda Abrel, esta sim era a Blitz! Lembro-me do meu pai, sentando, ensinando-me as primeiras leituras de uma partitura. “Mano, antes de começar a tocar, tu precisa entender o que é a música. Antes de ler uma partitura precisa entender do que ela é composta”. Palavras que tiro de lição até hoje, não só em questões “sonoras”, mas também para vida. Música, tecnologia e a vida, resume-se em: estudar, praticar e executar.Paralamas do sucesso, Kid Abelha, Barão Vermelho entreoutras, são bandas que até hoje estão aí, não deixaram de mostrar seu excelente trabalho junto à música. Não sendo influenciado pelo “modismo” deste século! Os poemas cantados de Cazuza como em “Maior Abandonado” e “Bete Balanço”, o rock mais pesado do Ira com “Envelheço na Cidade e “Tarde Vazia”, a criatividade de composições engraçadas e debochadas do Ultraje a Rigor como “Inútil” e
“Ônibus”. Os gaúchos não deixaram por menos, Nenhum de Nós que nasceu – se não me falha a memória em 1987 - com aquela versão de Thedy Corrêa no contrabaixo e vocal, Engenheiros do Hawaii lembram-se? Humberto Gessiger com aquela vasta cabeleira. Enfim, estas são minhas recordações de uma época que não vivi, mas tenho certeza que fazem parte do meu dia a dia. O que espero da música de hoje? Não sei, na verdade, não sei aonde ela está, apenas consigo lembrar desta época que descrevi.
 
Copyright 2013 Coluna do André Fraga